A morte apareceu em minha frente
Coberta por um véu de luz
Tão viva, tão sorridente
Mas como aquilo podia ser verdade?
A morte ainda estava viva
E bem jovem para a idade
Olhei para ela imóvel, assombrada
Afinal era tão espantoso
Só podia ser uma piada
Mas percebi que tudo ali era real
A luz, o sorriso, o véu
E ainda havia um coral
Indaguei curiosa se era sempre assim
A morte me olhou surpresa
e sussurrou algo em Latim
Tremi de medo quando enfim entendi
Ela encomendou a minha alma
e comprou o que eu nem vendi
Quando concatenei de fato as idéias
Resolvi baixar minha guarda
E aceitar futuras odisseias
Para falar a verdade, fiquei jururu
Não com minha morte em si
Mas com a falta de glamour
Queria sombras, a foice, véu escuro
Aquela voz grave, gutural
Todo aquele clima obscuro
E acabei sendo morta por essa senhora
Tão serelepe e iluminada
Sem graça e fora de hora
Ontem eu caminhava solitária pela rua
Hoje estou morta e frustrada
Mas com moradia fixa na lua.
Claudia Fernandes
30 de junho de 2007