E ele não notou
A criança sorriu
E ele não viu
O pássaro cantou
E ele cochilou
A estrela luziu
E ele dormiu
Ele negligenciou a vida,
o tempo, a natureza,
as coisas boas e belas
Pensou que viveria eternamente
dentro de uma perfeita aquarela
Mas o vento soprou implacável
E ele, sem força, voou
para bem longe
por um caminho sem saída,
sem beleza nem doçura
Mas o tempo passou inexorável
E ele, inerte, ficou
para sempre
olhando o que sobrou da vida,
com tristeza e amargura
E nesse momento de inércia
Ele pensou, pensou
E percebeu que muitas coisas ele nem conhecia
Até voltar atrás ele tentou
Até um acordo com o diabo ele faria
Porém para seu triste azar
algo mais que previsível aconteceu
No seu enterro nem flores, nem parentes
nem pássaros havia por lá
No seu enterro, somente a chuva apareceu
Claudia Fernandes
01 de junho de 2007