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Senti necessidade de me expressar de outra forma que não através da música e da fotografia, antigas paixões. E foi uma surpresa quando vi que a matéria-prima com que trabalho há tanto tempo, a linguagem, poderia me dar a tábua de salvação expressiva de que eu tanto precisava e que tem me ajudado muito nos meus melhores e piores momentos, a poesia.

Vou listar aqui algumas dessas minhas tentativas de escrever poemas, cronologicamente. Todos os textos são de minha autoria. Mas como até meu romantismo é extremo, você não encontrará aqui poemas românticos nem melosos. São mais humanistas e existenciais, e como tudo ligado à existência, podem, eventualmente, demonstrar algum peso e pessimismo. Não tenho pretensão outra a não ser expressar minhas dores, loucuras, alegrias, dúvidas, angústias, revoltas e outros sentimentos que moram em mim.

Claudia Pinelli Baraúna Rêgo Fernandes®

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"Se eu ler algo e ele fizer meu corpo inteiro gelar, de uma forma que não haja fogo que possa me aquecer, eu sei que se trata de Poesia."



Emily Dickinson

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Culpa de quem?

Ninguém tem culpa de nada.
Nada tem culpa de nada.
Saio da sua convivência, pura e exclusivamente, por vontade própria.
Já não me sinto cuidada.
Apesar de todo o cuidado. 
Já não me sinto amada.
Apesar de todo o amor.
Não me sinto realizada.
Apesar do sólido casamento, de uma casa linda e um emprego estável.
Não me sinto culta.
Apesar dos muitos livros que li e dos países que conheci.
Não me sinto generosa.
Apesar das muitas boas ações que pratiquei.

Só me sinto, em raros momentos, bonita. Em outros, inteligente.
Mas isso é tão pouco para mim que essas presenças nem ao menos servem de conforto para as outras ausências. 

Viver assim já não faz sentido algum.
Viver, sentindo só o que falta, o tempo todo, cansa.
Viver, estando morta, é perder os dias, um a um.
Morrer, lembrando das poucas presenças, descansa.

Claudia Pinelli Fernandes.

Em 25 de setembro de 2016.

Farsa

A vida é uma finita
Sequência de fingimentos
Na qual alguém finge ser alegre
Para uma plateia
Igualmente fingida 
E todos juntos, alegremente,
Fingem estar no céu
Quando, na verdade,
Estão mesmo é no inferno.



Claudia Pinelli Fernandes.

Em 05 de setembro de 2016.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Sono perdido

Quero dormir
Preciso dormir
Quero dormir
Até que nunca mais
Dormir até que nunca mais acorde
E durma para sempre
Em paz
E durma para sempre no colo de um anjo
Em paz
Enfim.

Claudia Pinelli Fernandes.

Em 01 de setembro de 2016.

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Solitude

Estou só
E não estou bem.
No peito uma dor que queima feito fogo
Na mente
O vazio e o torpor que a tristeza sabe bem como criar

Nada pode me consolar agora
O corpo já não responde a meus comandos
Assisto com pesar e apatia
Um misto de desesperança e incredulidade
Invadirem minha alma e minha mente devagar
Tudo parece se esvair rápido

Cada conquista escorregando pelas mãos
Suspeito que não há o que fazer
Ou há muita coisa, tenho dúvidas
No momento, só confusão e tristeza a imperar
Preciso de um alívio para essa dor

Ninguém ao lado parece forte o bastante
A cabeça lateja e me faz soltar
Um gemido sussurrado, grave e oco
Um pedido de socorro.
Mas se não há ninguém, quem poderá negar?


Claudia Pinelli Fernandes.


Em 31 de agosto de 2016.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Insone

E já se vão horas sem conseguir dormir
A madrugada acaba
Nasce a manhã
A luz entra pelas frestas
Dando aquela desagradável sensação 
de perda, de torpor, de desconexão

Amanhã levanto como se nada tivesse acontecido
Tomo banho e vou trabalhar
Minhas dores, angústia e desânimo
não interessam nem a um irmão
Mais um dia no teatro da ilusão

A insônia tem me perseguido por algum tempo
Insiste numa amizade que nunca será recíproca
Peço ao sono que venha me salvar
Que voe em minha direção
Que traga, enfim, a minha adormecida salvação.



Claudia Pinelli Fernandes.


Em 24 de agosto de 2016.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Quando alguém me vê

Respirando,
Andando,
Falando,
Escrevendo,
Comendo,
Bebendo,
Trabalhando,
Questionando,
Debatendo,
Concordando,
Discordando,
Dormindo,
Acordando,
Dormindo,
Dormindo,
Dormindo,
Acordando,
Dormindo,
Dormindo,
Dormindo,
Acordando,
Rindo,
Chorando,

Poderia até apostar que ainda estou viva.


Claudia Pinelli Fernandes.

Em 31 de maio de 2016.

sábado, 7 de maio de 2016

Cada um com seu fardo

Quando você estava em paz
Na alegria dos dias ensolarados
Eu vivia meus mais sombrios momentos
Na escuridão, sozinha, sem saída
Com a única companhia fria dos meus tormentos
A sombra da dor infinita e do torpor me acompanhavam
O sono era raro, quase inexistente
As lágrimas dos meus olhos insistentemente rolavam
Lembrando-me de que nada satisfazia realmente
Tantos dias embalada apenas pela tristeza
Ninada por um profundo desejo de desaparecer
Onde a morte parecia algo bem próximo e real, tinha certeza
Salva pelo simples fato de ter você.
Hoje, pelo menos, nesse exato instante
(Porque não dá para falar em futuro)
A paz finalmente chegou para mim
Por favor, não me bendiga
Cada um com seu fardo
Cada um com seu começo, meio e fim.


Claudia Pinelli Fernandes.


Em 7 de maio de 2016.

domingo, 10 de janeiro de 2016

Zumbido

Que barulho estranho é esse em meu ouvido?
Parece um entediante canto gregoriano
Ou o som que vem de uma concha do mar
Será um canal aberto para o outro plano?
Ou será a loucura a me tomar?
Por que não para um pouco, caro zumbido?
O seu soar ininterrupto me tortura
Não estou com a menor condição de suportar
Algo que ajude a maximizar a minha amargura
O que tenho que fazer, me matar?
Não, não responda!
Afinal, você não pode me ouvir
Já que não cessa um segundo de retumbar
Mas um momento final há de vir
Em que deixarei de lhe escutar.
Um dia hei de conseguir
Calar esse som impossível de aguentar
Presa num hospício ou num túmulo, não importa
Estarei pronta e livre para voar
De alguma forma: louca ou morta.


Claudia Pinelli Fernandes.


Em 10 de janeiro de 2016.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Intensa.

Uma palavra me define precisamente:
Intensa.
Para o bem e para o mal.

Intensidade é a condição sine qua non de sobrevivência para todas as relações que me cercam.
Sou intensa falando, escrevendo, pensando, sou intensa concordando, mas principalmente discordando.
Sou intensa na defesa dos mais fracos, sem voz. Sou intensa no ataque contra injustiças cotidianas.
Sou intensa quando compro brigas alheias que não deveriam me afetar, mas que me afetam pela injustiça envolvida.
Sou intensa amando, intensa vivendo, intensa sendo, ou desistindo de ser.
Quando percebo, de repente,
que essa intensidade está diminuindo, se esvaindo do meu corpo, fico muito preocupada.
Preocupo-me por me sentir como uma flor murchando, uma maré secando, um sol se pondo, seria a morte chegando?
Talvez. Quem pode saber?
Fico fraca. Tudo desintensifica. E dessa forma, vou me desconhecendo, me perdendo de mim mesma.
Mas basta uma desculpa para que o repositório de intensidade comece a encher.
A flor se abre em pétalas, a maré começa a desabar na praia, o sol nasce de novo e a força pulsante da vida me chama para vivê-la.
Com toda intensidade.
Ou não teria a menor graça...
Para mim, é claro!


Claudia Pinelli Fernandes.


Em 16 de julho de 2016.

sábado, 1 de novembro de 2014

Bomba-relógio

Ela guarda dentro da sua alma
Uma bomba-relógio
Armada, pronta
Mas sem hora marcada para explodir.


Pressa para quê?
O pior terror se faz aos poucos, lentamente.
E ela parece que sabe bem disso.
Não precisa do terror externo nem voraz.
Ela já é uma metódica terrorista de si mesma.



Claudia Pinelli Fernandes.



01 de novembro de 2014.

domingo, 19 de outubro de 2014

Fim

A vida é uma interminável sequência de dormir e acordar.
Até que, um dia, isso termina.
Fim.



Claudia Pinelli Fernandes.


19 de outubro de 20154.

domingo, 12 de outubro de 2014

Eu

Eu não quero ser pior do que você.
Eu não quero ser igual a você.
Eu não quero nem mesmo ser melhor do que você.

Eu só quero ser eu, exatamente como eu sou.

E isso já me basta.



Claudia Pinelli Fernandes.




10 de outubro de 2014.

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