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Senti necessidade de me expressar de outra forma que não através da música e da fotografia, antigas paixões. E foi uma surpresa quando vi que a matéria-prima com que trabalho há tanto tempo, a linguagem, poderia me dar a tábua de salvação expressiva de que eu tanto precisava e que tem me ajudado muito nos meus melhores e piores momentos, a poesia.

Vou listar aqui algumas dessas minhas tentativas de escrever poemas, cronologicamente. Todos os textos são de minha autoria. Mas como até meu romantismo é extremo, você não encontrará aqui poemas românticos nem melosos. São mais humanistas e existenciais, e como tudo ligado à existência, podem, eventualmente, demonstrar algum peso e pessimismo. Não tenho pretensão outra a não ser expressar minhas dores, loucuras, alegrias, dúvidas, angústias, revoltas e outros sentimentos que moram em mim.

Claudia Pinelli Baraúna Rêgo Fernandes®

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"Se eu ler algo e ele fizer meu corpo inteiro gelar, de uma forma que não haja fogo que possa me aquecer, eu sei que se trata de Poesia."



Emily Dickinson

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Estranha cidadã

E então ela virava a esquina
de guarda-chuva, bota e sobretudo
falava sobre tudo, de uma forma suave
sobretudo porque não chovia uma chuva fina

Afinal fez calor durante o dia
adiou portanto seu já diário café
mas com fé que o tempo ficaria melhor
e que em breve essa tal tempestade passaria

Ficou um tempo séria, calada
não sabia de que lado queria estar
se queria ser um lago, uma lagoa, um rio
ou então um salgado, selvagem e caudaloso mar

Marchou tonta para o horizonte
horrorizada por uma latente dúvida
escondendo o riso que surgia nos lábios
e algumas rugas que brotavam na sua fronte

Quem era essa pobre estranha cidadã?
Mentia ela sobre tudo e toda a sua vida?
ávida por algumas respostas certas e imediatas
transformava todas as paradas em oportuno divã

Divagava entre a fronte e os lábios
o sorriso escondia lágrimas de tristeza
as rugas mostravam preocupação com seu destino
como, sem tino, poderia ter pensamentos sábios?




Claudia Fernandes





03 de agosto de 2009.

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