E então ela virava a esquina
de guarda-chuva, bota e sobretudo
falava sobre tudo, de uma forma suave
sobretudo porque não chovia uma chuva fina
Afinal fez calor durante o dia
adiou portanto seu já diário café
mas com fé que o tempo ficaria melhor
e que em breve essa tal tempestade passaria
Ficou um tempo séria, calada
não sabia de que lado queria estar
se queria ser um lago, uma lagoa, um rio
ou então um salgado, selvagem e caudaloso mar
Marchou tonta para o horizonte
horrorizada por uma latente dúvida
escondendo o riso que surgia nos lábios
e algumas rugas que brotavam na sua fronte
Quem era essa pobre estranha cidadã?
Mentia ela sobre tudo e toda a sua vida?
ávida por algumas respostas certas e imediatas
transformava todas as paradas em oportuno divã
Divagava entre a fronte e os lábios
o sorriso escondia lágrimas de tristeza
as rugas mostravam preocupação com seu destino
como, sem tino, poderia ter pensamentos sábios?
Claudia Fernandes
03 de agosto de 2009.