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Senti necessidade de me expressar de outra forma que não através da música e da fotografia, antigas paixões. E foi uma surpresa quando vi que a matéria-prima com que trabalho há tanto tempo, a linguagem, poderia me dar a tábua de salvação expressiva de que eu tanto precisava e que tem me ajudado muito nos meus melhores e piores momentos, a poesia.

Vou listar aqui algumas dessas minhas tentativas de escrever poemas, cronologicamente. Todos os textos são de minha autoria. Mas como até meu romantismo é extremo, você não encontrará aqui poemas românticos nem melosos. São mais humanistas e existenciais, e como tudo ligado à existência, podem, eventualmente, demonstrar algum peso e pessimismo. Não tenho pretensão outra a não ser expressar minhas dores, loucuras, alegrias, dúvidas, angústias, revoltas e outros sentimentos que moram em mim.

Claudia Pinelli Baraúna Rêgo Fernandes®

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"Se eu ler algo e ele fizer meu corpo inteiro gelar, de uma forma que não haja fogo que possa me aquecer, eu sei que se trata de Poesia."



Emily Dickinson

terça-feira, 12 de junho de 2007

Panteão dos infernos

O sol refletiu uma triste cruz
ele fechou os olhos para não ver
na parede a imagem à meia-luz
cena que ele preferia esquecer

Mas a memória é bicho traidor
e todos os dias dessa pobre vida
ele lembra daquela cena de dor
que na sua mente foi esculpida

O garoto caído na rua, morto
sangue jorrando, cor escarlate
o pai velava seu filho, absorto
um cachorro distraído, só late

Ele sempre vai lembrar do dia
em que viu o seu irmão no chão
e de um reflexo da cruz da abadia
cenário de um lastimável panteão

Na sua mente, como numa encenação
ficou aquela imagem da cruz no muro
seu pai ali parado, sem qualquer reação
e o corpo de seu irmão já sem futuro.


Claudia Fernandes




12 de junho de 2007

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