Hoje, ele estava com uma dúvida
Ele não sabia para onde ir
Não queria ficar em casa
Só precisava dali sair
Ah, como queria ter asa
Para então voar e fugir
Resolveu sair assim mesmo
Enfiou a chave na fechadura,
Girou, abriu a porta e partiu sem destino
E mesmo sem ter uma elegante postura
Fez pose com o chapéu como um grã-fino
Esquecendo de toda a sua amargura
Ele parou no hall da entrada
A dúvida ainda lá permanecia
Seguir em frente, à direita ou à esquerda?
Enquanto pensava, a confusão crescia
Ponderou qual o ganho, qual a perda
O que aconteceria nesse estranho dia?
Ele precisava ir para algum lugar
Sentia essa enorme necessidade
Ficar em casa seria um tormento
Mas de onde vinha tanta ansiedade?
Qual era o seu maior alimento?
Como resolver tal incapacidade?
Apesar de pensar bastante
Ele não encontrou algum motivo
Para tanta dúvida e confusão
E viu que apesar de estar vivo
Vivia cercado de vazio e aflição
E desses sentimentos acabou cativo
Ele parou, respirou e olhou para o céu
Admirou a beleza de um lindo broto
Sentiu a ebulição de seus hormônios
Abriu a porta com um sorriso maroto
Voltou para casa, para seus demônios
Pode não estar vivo, mas não está morto.
Claudia Fernandes
04 de junho de 2007