A timidez era um traço daquele rapaz
Olhava para ela como se fosse pecado
Contudo esperava que ele fosse capaz
De chegar mais perto, ser mais ousado
Numa noite de maio, ela foi a uma festa
Que bela surpresa, ele também estava lá
Olhares insinuantes, na pista uma seresta
Tensão, e ele evitando na mão dela tocar
Ela se perguntava o que estava ali fazendo
Odiava seresta ou outro ritmo semelhante
O que ela queria viver, não estava vivendo
Mas o caso tinha tudo para ser interessante
Conversaram e durante essa festa, ela intuiu
Ter encontrado sua tão esperada alma gêmea
Eles mostravam muito em comum, ele aduziu
E claro que o macho tinha farejado sua fêmea
O tempo, bem gozador, cada vez mais lento
Brincava e essa espera parecia já se eternizar
Depois de um instante interminável, o vento
Resolveu com uns empurrões o casal ajudar
De repente, ela que estava distraída, sentiu
O calor da mão dele tocando a sua de leve
A boca ficou seca, fez no estômago um frio
A sensação era uma mistura de sol com neve
Finalmente, após o toque das mãos inicial
O fato mais desejado e esperado iria ocorrer
O atrito dos seus lábios pareceu algo surreal
E assim será até o dia em que um deles morrer
Claudia Fernandes
7 de junho de 2007