Terêncio, corre aqui na cozinha, ômi!
Que ocê qué, muié, cum tanta pressa?
É prá ver se ocê num some
E vai correno pro buteco do Zé
Prá ficá lá só no tre-le-lé.
Qué isso, Cremilda, mas que desconjuro!
Como ocê pode sê tão cruel e injusta?
Fiquei prucupado cocê e cos fio, no duro!
Eu tava ino era na venda do Nhô Bento
Prá trabalhar e fiar algum alimento.
Ai, Terêncio, me adesculpe, que balela
Tô sem graça agora, nem sei o que dizê
Vai logo, ômi, que vou esperar na janela
Assim, quando ocê chegar, corro para fazê
O que ocê come até a cuia lambê.
O Terêncio realmente foi à venda do Bento
Não foi fiar comida para sua pobre família
Mas foi, na cara dura, pedir um adiantamento
Tomou um ônibus e o sertão deixou para trás
Para aquela vida não voltaria nunca mais.
Claudia Fernandes
10 de junho de 2007