A ansiedade bate à janela
E também um pássaro grená
Ela vende a aflição como bela
Ele, tenta chamar a atenção dela
Para a armadilha na qual cairá
Como são fortes e sedutores
A astuta ansiedade e o pássaro fiel
Uma traz a amargura, o outro, o mel
E ao cair da noite e da escuridão
A dúvida paira no ar, no coração
Na sala, sua família vê televisão
Ela está só no quarto escuro e gelado
A porta trancada só aumenta a solidão
Um cheiro de mofo, de sujo, de usado
Tudo isso ajuda na tomada da decisão
Na sala, o cão, assustado, late
O vento - zumbido insano
O desespero bate à porta
Como num ritual profano
No quarto, ela, fria, jaz morta.
Claudia Fernandes
15 de maio de 2007