Andei me perguntando
Ser profundo para quê?
Se ser raso é sempre mais fácil
E as pessoas não parecem
A Sutileza entender
Andei me perguntando
Ser natural a pena valerá?
Se o que há é um culto ao artificial
E as pessoas parecem
Da Simplicidade abdicar
Andei me perguntando
Ser poético para quê?
Se ser prosaico é mais ágil
E as pessoas não parecem
A Magia perceber
Andei me perguntando
Ser delicado algum valor terá?
Quando ser duro é mais admirável
E as pessoas até parecem
Da Aspereza gostar
Andei me perguntando
Ser sincero para quê?
Se ser falso dá menos trabalho
E as pessoas parecem
Da Mentira depender
Andei me perguntando
Buscar o abstrato algum valor terá?
Quando o concreto é mais palpável
E as pessoas apenas parecem
Do Material precisar
As pessoas andam absortas
Numa estranha superficialidade
Só as aparências importam
Numa ode insana à vaidade
Apenas a embalagem tem valor
O conteúdo é mais um detalhe
Ler cansa, não interessa
“Preciso correr, tenho pressa!”
E por esse motivo, sem saber
Perdem o melhor da vida:
Uma viagem maravilhosa
Mais conhecida como Ser
Claudia Fernandes
18 de abril de 2007