Caminhava solitária por uma rua deserta e escura...
Na verdade, nem estava tão só, pois a vegetação fechada e uma névoa densa me acompanhavam aonde quer que eu fosse.
Se eu tinha medo? Não.
Curioso, pois tenho medo de algumas coisas, por exemplo de andar sozinha em ruas escuras e desertas, mas nesse dia, me sentia forte, destemida, nem sei bem o motivo.
Talvez pela paisagem maravilhosa e onírica que me trazia recordações atávicas, de um tempo mesmo que eu nem vivi.
Ou talvez o verde das árvores doava um pouco de ar puro que me proporcionava a sensação de respirar melhor, me fazendo por isso, pensar mais claramente e assim poder ter uma ideia incrível, caso fosse necessário.
Talvez porque aquela névoa tão pesada parecia me envolver em seus braços e dessa forma, me fazia crer que me defenderia de qualquer perigo.
Ou quem sabe apenas porque era uma noite escura numa rua deserta, coberta por uma névoa de arrepiar, e eu estava completamente bêbada e sentia a liberdade latente em meu corpo e em minha alma.
Os bêbados geralmente perdem o medo do perigo.
Ou quem sabe eu não sei de nada mesmo...
Claudia Pinelli.
16 de abril de 2011.