Durmo para adiar
Adiar o hoje
O amanhã
Adiar até o que direi no divã
Durmo para sonhar
Com algo
Em algum lugar
Que faça de mim
Alguém especial
Ou quem sabe,
Um calmo querubim
Querubins são lindos
Com suas vestes angelicais
Não precisam dormir
Não fogem dessa forma assaz
Ou talvez um bebê
Dormindo em seu berço
Sem ter satisfação a dar
Sem livros, sem terço
Ou algo no qual se apegar
Como um bebê
Não preciso pensar
Não preciso ouvir
Nem sequer falar
Durmo para não ser
E não sou um querubim
Muito menos um bebê
Durmo para enfim
Adiar o inadiável
O grande desafio de viver.
Claudia Pinelli Fernandes.
10 de fevereiro de 2014.