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Senti necessidade de me expressar de outra forma que não através da música e da fotografia, antigas paixões. E foi uma surpresa quando vi que a matéria-prima com que trabalho há tanto tempo, a linguagem, poderia me dar a tábua de salvação expressiva de que eu tanto precisava e que tem me ajudado muito nos meus melhores e piores momentos, a poesia.

Vou listar aqui algumas dessas minhas tentativas de escrever poemas, cronologicamente. Todos os textos são de minha autoria. Mas como até meu romantismo é extremo, você não encontrará aqui poemas românticos nem melosos. São mais humanistas e existenciais, e como tudo ligado à existência, podem, eventualmente, demonstrar algum peso e pessimismo. Não tenho pretensão outra a não ser expressar minhas dores, loucuras, alegrias, dúvidas, angústias, revoltas e outros sentimentos que moram em mim.

Claudia Pinelli Baraúna Rêgo Fernandes®

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"Se eu ler algo e ele fizer meu corpo inteiro gelar, de uma forma que não haja fogo que possa me aquecer, eu sei que se trata de Poesia."



Emily Dickinson

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Poema em prosa

Virginiana...

...eu sou desde que nasci.

Num dia 30, dei entrada nesse lado da vida...

...que ainda não conhecia.



Tive muita sorte...

...pois ganhei de presente uma família maravilhosa.

...fiz amigos, não muitos, só os necessários.

...achei o amor de minha vida, que por sua vez, demonstra esse mesmo amor por mim.

...na maioria das vezes, pude cultivar minha personalidade livremente, mesmo que em algumas dessas vezes, acabei por desagradar a alguns.

...adquiri uma companhia amiga, que hoje se tornou indispensável, a música, que me salva, sempre, de uma forma milagrosa.


Fiz besteiras...

...nunca fui ambiciosa o suficiente.

...sempre gostei de me isolar numa solitária ilha.

...talvez não tenha explorado toda a minha formação acadêmica como deveria....desisti de muitas conquistas por medo de ficar longe da família.

...já quis morrer.

...vivi muito tempo sem me dar conta de toda a sorte que tinha.


Estou aprendendo...

...a enxergar com o coração(de verdade).

...a perceber que a felicidade está nas pequenas coisas e depende unicamente do meu estado de espírito, e de mais nada.

...que a morte deve fazer parte da nossa vida, mas sem traumas, sem neuras, por isso, tento encarar esse fato mais naturalmente, mesmo sabendo que, para mim, isto ainda um lento aprendizado será.

...que um fato terrível, como a depressão, pode me fazer crescer e me deixar muito mais consistente e em sintonia com algo muito maior, algo misterioso até, mas só se eu quiser ser ajudada.

...que o amor é o sentimento propulsor para todas as coisas pelas quais valem realmente a pena lutar.


Hoje...

...deixo aflorar minha intuição e criatividade com leveza e com toda a verdade que eu possa ter em meu ser, como se estivesse nua.

...toda a minha criação é como uma terapia, pois me faz retornar para dentro de mim mesma e leva quem porventura entra em contato com ela(a criação)a uma estrada que dá em um lugar que antes era só meu e só eu conhecia, minha alma de poeta.

...tenho a consciência de que existe uma história única e especial para cada um de nós e que cada pessoa deve ter orgulho da sua, não por parecer um lindo sonho, mas pelo simples fato de ser exatamente como ela é, sua.

..ainda consigo me surpreender comigo e com meus extremos. Consigo ir da genialidade(rara, claro) à insanidade completa.



Virginiana...

...até morrer serei.

Um dia deixarei esse lado da vida...

...mas quando, ainda não sei.




Claudia Fernandes



30 de agosto de 2007

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