Ele sentou no cais ao pôr-do-sol
olhou triste para o mar e pensou
como poderia sentir aquilo
vendo aquele lindo arrebol
Só, pôs as mãos no rosto e chorou
percebendo a sua oblíqua verdade
de toda uma vida pregressa
apenas mediocridade restou
O que poderia ele um dia escrever
a respeito de sua tão insípida vida
nada de muito significativo
há em seu entediante viver
Ali, absorto, refletiu por horas a fio
apenas o mar e o céu presenciaram
a lágrima que foi derramada
por cada memória que surgiu
Assim, chegou à extrema conclusão
de que haverá enfim algo a declarar
somente no seu cru epitáfio
na alva lápide de seu caixão
As palavras que certamente usaria:
"Não escreva seu epitáfio de caneta
deixe-o aberto para mudanças
para o livre lápis da sabedoria"
Claudia Fernandes
8 de agosto de 2007