Aqui estou eu transitiva
direta ou indireta
mas de volta, enfim
aqui estou eu bem viva
depois de adubar meu único jardim
Precisei viver um momento
cronológico, existencial
despida de toda fantasia
cheguei a sentir o poder do vento
mas optei pela calmaria da brisa fria
Refleti e busquei sabedoria
bem lá dentro do meu eu
aprendi a viver ainda mais
sem angústia, nem melancolia
sentada, em paz, na beira do cais
Por um desses acasos da vida
agora e mais do que nunca
acordei de um sono paralisante
abdiquei daquela tristeza adunca
e fiz do equilíbrio meu guia dominante
A única dúvida que me resta
(e como é complicada e cruel)
é se acabo com a garrafa de gim
se leio um livro, se fito o céu
ou se me preparo para o fim.
Claudia Fernandes
3 de agosto de 2007.