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Senti necessidade de me expressar de outra forma que não através da música e da fotografia, antigas paixões. E foi uma surpresa quando vi que a matéria-prima com que trabalho há tanto tempo, a linguagem, poderia me dar a tábua de salvação expressiva de que eu tanto precisava e que tem me ajudado muito nos meus melhores e piores momentos, a poesia.

Vou listar aqui algumas dessas minhas tentativas de escrever poemas, cronologicamente. Todos os textos são de minha autoria. Mas como até meu romantismo é extremo, você não encontrará aqui poemas românticos nem melosos. São mais humanistas e existenciais, e como tudo ligado à existência, podem, eventualmente, demonstrar algum peso e pessimismo. Não tenho pretensão outra a não ser expressar minhas dores, loucuras, alegrias, dúvidas, angústias, revoltas e outros sentimentos que moram em mim.

Claudia Pinelli Baraúna Rêgo Fernandes®

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"Se eu ler algo e ele fizer meu corpo inteiro gelar, de uma forma que não haja fogo que possa me aquecer, eu sei que se trata de Poesia."



Emily Dickinson

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Samsara

Ela, aqui, vive triste e a chorar
Ele, soturno, entregue à solidão
entre eles
um imenso
profundo e negro abismo denso
disposto a, velozmente, silenciar
para sempre toda aquela paixão

Os risos já raros de tanto sofrer
cerraram seus lábios com agonia
de repente
um criador
desmedido, agudo e grave de dor
abre nossos olhos e nos deixa ver
a mais óbvia e intensa melancolia

Eles sabem que nada é definitivo
e que é notória a impermanência
do viver
e assim
até aquele infame e temeroso fim
aparentemente cruel e destrutivo
dá luz a uma renovada existência.



Claudia Fernandes



12 de agosto de 2007

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