Ela, aqui, vive triste e a chorar
Ele, soturno, entregue à solidão
entre eles
um imenso
profundo e negro abismo denso
disposto a, velozmente, silenciar
para sempre toda aquela paixão
Os risos já raros de tanto sofrer
cerraram seus lábios com agonia
de repente
um criador
desmedido, agudo e grave de dor
abre nossos olhos e nos deixa ver
a mais óbvia e intensa melancolia
Eles sabem que nada é definitivo
e que é notória a impermanência
do viver
e assim
até aquele infame e temeroso fim
aparentemente cruel e destrutivo
dá luz a uma renovada existência.
Claudia Fernandes
12 de agosto de 2007