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Senti necessidade de me expressar de outra forma que não através da música e da fotografia, antigas paixões. E foi uma surpresa quando vi que a matéria-prima com que trabalho há tanto tempo, a linguagem, poderia me dar a tábua de salvação expressiva de que eu tanto precisava e que tem me ajudado muito nos meus melhores e piores momentos, a poesia.

Vou listar aqui algumas dessas minhas tentativas de escrever poemas, cronologicamente. Todos os textos são de minha autoria. Mas como até meu romantismo é extremo, você não encontrará aqui poemas românticos nem melosos. São mais humanistas e existenciais, e como tudo ligado à existência, podem, eventualmente, demonstrar algum peso e pessimismo. Não tenho pretensão outra a não ser expressar minhas dores, loucuras, alegrias, dúvidas, angústias, revoltas e outros sentimentos que moram em mim.

Claudia Pinelli Baraúna Rêgo Fernandes®

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"Se eu ler algo e ele fizer meu corpo inteiro gelar, de uma forma que não haja fogo que possa me aquecer, eu sei que se trata de Poesia."



Emily Dickinson

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terça-feira, 8 de abril de 2008

Dependendo do seu humor, a lua...

A lua me parece triste hoje
Não me pergunte o porquê
Pois ao certo não saberia responder

Talvez por ser minha amiga
e amigas sofrem por dentro
quando captam na amiga sofrimento

Até já tentei lhe explicar em vão
que todo sofrimento é inevitável
e não se pode mudar o predestinável

Ela me respondeu bem certa que
amigas não estão ali fazendo favor
só tentam aliviar o sofrimento com amor.


Claudia Fernandes




08 de abril de 2008.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Menos do mesmo...

Mais um sol igual
Mais um céu igual
Mais um dia igual

E assim vai durante todo o meu tempo.

Mais uma tarde igual
Mais um pôr-do-sol igual
E para finalizar, mais uma noite exatamente igual

E assim que chega a noite, me pergunto:
Por que será que meus dias têm sido
todos tão igualmente sofridos,
nâo diria depressivos,
mas ansiosos,
tensos
e por sempre e de repente me sentir cheia de medo e de pânico,
estes dias parecem tediosos,
insignificantes,
incapacitantes
numa eterna espera de crises
frustrantes
que nos faz invisíveis
e dessa forma,
tornando todas as suas belezas completamente imperceptíveis?

A quem interessar possa, não tenho resposta para minha própria pergunta,
mas estou lutando com todas as minhas armas contra esse cinza existencial,
que insiste em me aprisionar,
mas não vai,
pois essa é minha única certeza.



Claudia Fernandes



20 de março de 2008

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

A outra.

Lá no alto, a lua crescente me espreita
ainda insiste em esperar impaciente
pelo retorno dessa paixão desfeita
desse amor belo e transparente

Assim, com a estrela conversou
e lhe contou toda sua empreitada
como de me aguardar a lua cansou
decidiu então arranjar outra namorada.




Claudia Fernandes





7 de dezembro de 2007

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Eu e o Sol...

Ei, vocês todos estão errados
por que afinal acreditam que não vejo o sol?
só porque adoro a noite e acordo mais tarde
não significa que desconheça o rubro arrebol

É verdade que prefiro a noite
e o contato com a luz sempre me desagrada
mas soa como um grande equívoco acharem
que com o sol estou definitivamente brigada

Nossos encontros acontecem
numa ocasião quase sempre por todos preterida
os outros escolhem em vê-lo cansado, morrendo
eu opto por contemplá-lo quando de sua nascida

Minha relação com esse Deus
só se dá quando a maioria de vocês já descansa
e enquanto rolam entre travesseiros e cobertores
um sol ouro-rubro-róseo renova minha esperança



Claudia Fernandes



18 de outubro de 2007

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Sexta-feira

Sexta-feira é dia de noitada
dia de amar
de ser amada
de conversar no bar
dia de ficar animada
de abrir o coração
dia de dar risada
de descolar uma paixão
de abraçar e beijar
dia de libertar a emoção
do abstrato se concretizar
dia de encontrar um amigo
de discordar e brigar
perder a noção do perigo
se arrepender e chorar

Sexta-feira é dia de lazer
dia de tocar e beber
de cantar e dançar
dia de olhar e escolher
de namorar e transar
dia de anoitecer num bar
de ver o dia amanhecer
de tomar banho de mar
dia de morrer e renascer
de dormir e sonhar
dia de com o dia aprender
a ser menos insatisfeito
dia de ao dia agradecer
enfim, o dia perfeito
para se recomeçar a viver.



Claudia Fernandes




21 de setembro de 2007

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Mensagem da noite

E chega a noite, mais uma vez
com silêncio, sombras e aconchego
a ansiedade dá uma trégua, talvez
e depois de longo dia sem sossego
sinto a sua chegada como um evento

Mas hoje ela veio acompanhada
parecia mais triste, melancólica
o céu mais negro, ela mais gelada
utilizava uma linguagem simbólica
entretanto de fácil discernimento

Hoje ela veio com o seu pranto
molhar com lágrimas a seca terra
e assim, através de seu encanto
com toda classe, declarar guerra
aos homens e seu atabalhoamento



Claudia Fernandes


13 de setembro de 2007

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Luz etílica

Quatro horas da manhã
eu deitada, na cama, ainda sem sono, me indago
um velho cobertor de lã
e um travesseiro antigo entre as pernas eu afago

Assim, tenho pensamentos
que por alguns seriam considerados indecentes
mas em certos momentos
tidos como altamente infantis, puros, inocentes

Mais uma vez, o senhor dia
esse ser iluminado, insiste em demorar a chegar
quando o que eu mais queria
era ter o prazer de, à noitinha, com ele encontrar

Já que esse meu anseio
se mostra completamente impossível de se realizar
decido fazer um passeio
entre a realidade luzidia e a escuridão etílico-lunar.


Claudia Fernandes


10 de setembro de 2007

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