Ninguém tem culpa de nada.
Nada tem culpa de nada.
Saio da sua convivência, pura e exclusivamente, por vontade própria.
Já não me sinto cuidada.
Apesar de todo o cuidado.
Já não me sinto amada.
Apesar de todo o amor.
Não me sinto realizada.
Apesar do sólido casamento, de uma casa linda e um emprego estável.
Não me sinto culta.
Apesar dos muitos livros que li e dos países que conheci.
Não me sinto generosa.
Apesar das muitas boas ações que pratiquei.
Nada tem culpa de nada.
Saio da sua convivência, pura e exclusivamente, por vontade própria.
Já não me sinto cuidada.
Apesar de todo o cuidado.
Já não me sinto amada.
Apesar de todo o amor.
Não me sinto realizada.
Apesar do sólido casamento, de uma casa linda e um emprego estável.
Não me sinto culta.
Apesar dos muitos livros que li e dos países que conheci.
Não me sinto generosa.
Apesar das muitas boas ações que pratiquei.
Só me sinto, em raros momentos, bonita. Em outros, inteligente.
Mas isso é tão pouco para mim que essas presenças nem ao menos servem de conforto para as outras ausências.
Viver assim já não faz sentido algum.
Viver, sentindo só o que falta, o tempo todo, cansa.
Viver, estando morta, é perder os dias, um a um.
Morrer, lembrando das poucas presenças, descansa.
Claudia Pinelli Fernandes.
Em 25 de setembro de 2016.